domingo, 27 de outubro de 2013

VIII Sulão de catequese
 Com o tema geral "Catequistas protagonistas da fé, do amor e da esperança"
São Leopoldo, dias 25, 26, e 27 de outubro de 2013
Estiveram presentes os  regionais Sul 1, Sul 2, Sul 3, Sul 4 e Oeste 1 da CNBB.

REGIONAL SUL 3 - FOTO DOS PARTICIPANTES





VIII Sulão de Catequese em São Leopoldo  
Dentro as atividades do Ano da Fé, aconteceu nos dias 25. 26  27 de outubro, o VIII Sulão de Catequese organizado pelos regionais Sul 1, Sul 2, Sul 3, Sul 4 e Oeste 1 da CNBB. O evento   também celebrou os 25 anos de Sulão. O secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, saudou os participantes na abertura do encontro.
Com o tema “Catequista, protagonista da Fé, do amor e da esperança”, o Sulão propôs  reflexões sobre a catequese e os catequistas que se reconhecem construtores de comunidades e que são comprometidos com uma nova evangelização para a transmissão da fé cristã.
DSCN9915 640x420De acordo com presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico-Catequética, e arcebispo de Pelotas (RS), dom Jacinto Bergmann, o encontro foi uma oportunidade para dar novo vigor aos catequistas. “À luz da Palavra de Deus, renovamos nossa esperança na fidelidade dos catequistas que acompanham seus catequizandos no processo de iniciação à vida cristã, apresentando-os a Jesus, que os despertam para o seguimento”.
O objetivo foi  resgatar e celebrar a história dos 25 anos do Sulão para reanimar a esperança na caminhada bíblico-catequética e destacar vias e modelos que inspirem o protagonismo de catequistas discípulos missionários para os novos tempos. O assessor da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB, padre Décio José Walker, acompanhou as atividades do Sulão.


sábado, 26 de outubro de 2013

Acontece em São Leopoldo/RS, o VIII Sulão Bíblico-catequético!


Oração do VIII Sulão

Deus nosso Pai, nesta memória dos 25 anos do Sulão, agradecendo pela caminhada feita, te Pedimos de reanimar em todo o Povo de Deus a esperança, sinal da tua presença amorosa e estímulo para o nosso testemunho. 

A tua Palavra continue no centro da vida e da atividade da Igreja. Senhor Jesus, catequista do amor e da esperança, ensina-nos a sermos missionários come tu o foste na Palestina, dois mil anos atrás.

Estejam em nós as atitudes presentes no teu agir: misericórdia com os pecadores, procura dos excluídos, amor aos pobres, coragem da verdade, perseverança e confiança no Pai. 
Deus Espírito Santo, ilumina as nossas mentes para compreender o que significa seguir e anunciar Jesus no mundo de hoje. 

Dá-nos força para confortar os corações atribulados e animar todos com a esperança, que vem da certeza que "Ele está no meio de nós". Maria, nossa mãe, catequista do filho Jesus e primeira missionária, ajuda-nos a sermos perseverantes no anúncio e no testemunho do Evangelho, para que todos tenham vida e vida em plenitude.
Amém.



O VIII Sulão  Bíblico-Catequético, sediado em São Leopoldo/RS, teve sua abertura às 14hs de hoje, dia 25, com término no domingo, dia 27. A mesa foi composta por Dom Leonardo Steiner, bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília e Secretário Geral da CNBB, dom Jacinto Bergmann, Arcebispo de Pelotas/RS, Bispo referencial do Regional Sul3 e presidente a Comissão Episcopal Patoral para a Animação Bíblico-catequética da CNBB, Dom Zeno Hastenteufel, Bispo da Diocese de Novo Hamburgo e coordenador da CNBB Sul 3, Dom Paulo Mendes Peixoto, Bispo de Uberaba-MG e da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, Dom Vilson Dias de Oliveira, Bispo de Limeira/SP e Bispo Referencial do Regional Sul 1, Dom Jacinto Inácio Flach, Bispo de Criciúma/SC, Bispo Referencial do Sul4, Dom José Gislon, Bispo de Coxim/MS e referencial do Regional Oeste 1, Dom Antonio Migliore, Bispo de Coxim/MS e referencial do Regional Oeste 1, Profª Liana Plentz, Profº Valmor Silva, Pe Paulo César Gil, coordenador AB-Catequética Sul 1.


o Sulão é uma oportunidade para dar novo vigor aos catequistas.


Dentro as atividades do Ano da Fé, teve início nesta sexta-feira, 25 de outubro, o VIII Sulão de Catequese organizado pelos regionais Sul 1, Sul 2, Sul 3, Sul 4 e Oeste 1 da CNBB. O evento prossegue até o domingo, 27, na cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul (RS), comemorando, também, os 25 anos de Sulão. O secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner saudou os participantes na abertura do encontro.

1ª Conferência: O protagonismo do catequista no mundo e na Igreja de hoje



INTRODUÇÃO: Inicio externando o meu agradecimento por este honroso convite que chegou até mim pela Coordenação da Catequese do Regional Sul II. Não sei exatamente porque convidaram a mim para este trabalho, porém estou feliz com a proposta. Trabalhei bastante entre leituras, reflexões, conversas e sínteses para oferecer algo a vocês. Espero que esteja a contento.Trago comigo um conceito muito amplo de catequese, não apenas a catequese de crianças, mas a catequese de todos os cristãos. Algumas coisas que direi deverão ser entendidas na dimensão da catequese de todos os cristãos e outras, certamente no conceito de catequese das crianças. Em alguns pontos que procurarei lembrar devidamente, acrescentarei um ou outro elemento que parece importante para a compreensão geral do tema.

De acordo com presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico-Catequética, e arcebispo de Pelotas (RS), dom Jacinto Bergmann, o Sulão é uma oportunidade para dar novo vigor aos catequistas. “À luz da Palavra de Deus, renovamos nossa esperança na fidelidade dos catequistas que acompanham seus catequizandos no processo de iniciação à vida cristã, apresentando-os a Jesus, que os despertam para o seguimento”.

O objetivo do evento é também resgatar e celebrar a história dos 25 anos do Sulão para reanimar a esperança na caminhada bíblico-catequética e destacar vias e modelos que inspirem o protagonismo de catequistas discípulos missionários para os novos tempos. O assessor da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB, padre Décio José Walker, está acompanhando as atividades do Sulão.




Aconteceu dia 19 de outubro na Matriz N.Sra. da Penha
Dom Remídio ministrou o  Sacramento do Crisma a 34 jovens.
Momento de graças derramadas na comunidade.



segunda-feira, 30 de setembro de 2013

sábado, 28 de setembro de 2013

notícias da catequese - Pe. Eduardo Calandro Pe. Jordélio Siles Ledo, css

Roma, 27 de Setembro de 2013
Hoje foi um dia intenso e maravilhoso, pois no final do congresso tivemos a presença simples e afetuosa do Papa Francisco que nos trouxe uma mensagem de uma Igreja catequética itinerante, que não pode ter medo de ir às periferias, pois ali Deus está. Que  não deve se fechar, mas se colocar na estrada, preferindo correr o risco de acidentes, do que viver fechado, que pode conduzir a uma Igreja doente.
Com a conferência: “Memória Fidei”: O dinamismo do ato da fé (memória, evento, profecia) realizada pelo Prof. Pe. Pierangelo Sequeri, Presidente da Faculdade Teológica da Itália (Milão) nos foi apresentado que a memória Jesus é o primeiro e fundamental elemento constitutivo da memória fidei da Igreja, transmitida de geração em geração e anunciada em todos os cantos da terra: Na  confissão da fé, na celebração dos sacramentos,  no caminho das comunidades, na pregação. É impossível comunicar a fé cristã em Deus sem alargar a memória evangélica de Jesus e a memória apostólica da fé N’Ele. (DV 5-6)
Foram destacados alguns pontos:
1-    A memória Jesus como princípio e norma: a revelação como evento inclusivo da fé apostólica;
2-    A memória fidei como argumento da lealdade intelectual e da coerência teológica da didaskalia;
3-    A escritura evangélica como dispositivo metodológico da correlação da história de Jesus e o acesso à fé;
4-    Memória, didaskalia, profecia. O exercício da esperança dos seus fiéis a cerca do evento de Deus na história.
A conferência proferida pelo Pe. Robert Dodaro, O.S.A., Presidente do Instituto Patrística Agostiniano da Pontifícia Universidade Lateranense, teve por tema “Traditio e Redditio Symboli”. O nosso sim a Deus. Nos fez refletir sobre a questão de como se pode pensar a tradição da Igreja com métodos e linguagens adaptados ao tempo e a cultura em que vivemos. Esta questão ilustra duas aplicações da antiga doutrina retórica grega e latina da propriedade lingüística como uma técnica sistematicamente empenhada pelos padres da Igreja.
No campo catequético é preciso adaptar o ensino da Igreja à condição atual das pessoas de hoje. Superando o estilo e o monopólio e influência retórica da mídia moderna que prevalece sobre a mensagem cristã. A  Igreja não precisa criar meios de comunicação para competir com a “mass mídia”, mas precisa conhecer a técnica e adaptar sua linguagem, anunciando a mensagem cristã. Somente assim se pode transmitir um ensino católico e comunicar com sucesso a imagem do Deus amor.
A conferência “Credibilidade da fé: O retorno da fé a razão da transmissão da fé”, proferida pelo Pe. Krzysztof Kauch docente de teologia fundamental de Lublino, Polônia. Nos apresentou  sua reflexão a partir de dois pontos. A relação entre fé, razão e ciência. A explicação do Papa João Paulo II sobre a crescente secularização. Não é a fé da Igreja que deve se adaptar ao hoje,  mas a cultura ocidental moderna que deve se renovar, que necessita de um novo espírito, uma nova esperança para sobreviver.
“Por uma Pedagogia do ato da fé” proferida pela Dra. Jem Sullivan, docente de catequética na Pontifícia Faculdade da Imaculada Conceição da Casa Dominicana de Estudos – Washington destacou que a catequese, enquanto comunicação da divina revelação, se inspira radicalmente na Pedagogia de Deus, de Cristo e da Igreja.
“Traditio Verbi: Harmonia entre Escritura, Tradição e Magistério” com o Pe. Alberto Franzini, pároco em Cremona, Itália. Nos apontou o tema da natureza da revelação nos seguintes tópicos:
1-    A natureza da revelação segundo a Dei Verbum;
2-    Revelação e Igreja
3-    Tradição e Escritura
4-    Igreja e Magistério
Com o Prof. Joel Molinário, teólogo e diretor do Instituto Superior de Pastoral Catequética de Paris, refletimos sobre o tema da “Acolhida do Catecismo da Igreja Católica na Catequese. Experiências e critérios para uma plena reinserção”. A partir do Concilio Vaticano II, do ano da fé e do Sínodo sobre a Nova Evangelização refletiu alguns pontos:
1-    O CIC e o Vaticano II;
2-    O CIC e o Ano da Fé;
3-    O CIC  e a Nova Evangelização.
O professor Joel mal conseguiu terminar de proferir sua fala, pois o Papa Francisco apareceu no fundo da sala Paulo VI antes do horário previsto provocando uma grande agitação em toda assembléia, com jeito descontraído andou pelo corredor e cumprimentou a todos por mais de 25 minutos. Segue abaixo o seu discurso.
DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
Eu gosto desta idéia do Ano da Fé, um encontro para vocês, catequistas. Eu também sou catequista! A catequese é um dos pilares para a educação da fé, e é preciso bons catequistas! Obrigado por este serviço à Igreja e na Igreja. Embora às vezes pode ser difícil, vocês trabalham demais, vocês se envolvem e nem sempre vêem os resultados desejados, o processo de educação na fé é lindo! É talvez o melhor legado que podemos deixar: a fé! Educar na fé, é importante porque você cresce. Ajudar as crianças,  jovens, adultos a conhecer e a amar o Senhor mais e mais. É preciso "Ser" catequistas! É vocação. Não é um trabalho que se espera algo em troca: isso não precisa! Eu trabalho como catequista, porque eu amo ensinar... Mas se você não é catequista, não é! Você não será frutífero, não pode ser frutífero! Catequista é uma vocação: "ser catequista", esta é a vocação, não funcionam como catequista. Lembre-se, eu não disse "fazer" os catequistas, mas o "ser", pois envolve a vida. Você dirige para o encontro com Cristo em suas palavras e vida, com o testemunho. Lembre-se que Bento XVI nos disse: "A Igreja não cresce por proselitismo. Ela cresce por atração ". E o que atrai testemunha. Ser catequista é dar testemunho da fé, ser coerente na sua vida. E isso não é fácil. Não é fácil! Nós ajudamos, nós dirigimos ao encontro com Cristo em suas palavras e vida, com o testemunho. Eu gostaria de lembrar que São Francisco de Assis disse a seus irmãos: "Pregar o Evangelho sempre e, se necessário, com as palavras." As palavras são..., mas antes o testemunho: que as pessoas vêem em nossas vidas do Evangelho, pode ler o Evangelho. E "ser" pede catequistas para amar, o amor mais forte e mais difícil de Cristo, o amor de seu povo santo. E este amor não pode ser comprado em lojas, não se  compra, aqui em Roma. Esse amor vem de Cristo! É um dom de Cristo! E se se trata de Cristo começa com Cristo e devemos recomeçar a partir de Cristo, por meio do amor que Ele nos dá, o que isso significa Partir de Cristo para os catequistas, para você, para mim, já que sou um catequista? O que isso significa?
Vou falar sobre três coisas: um, dois e três, como fizeram os antigos jesuítas... um, dois, três!
1. Primeiro de tudo, recomeçar a partir de Cristo significa estar familiarizado com Ele, ter essa familiaridade com Jesus: Jesus recomenda aos seus discípulos na Última Ceia, quando você começa a viver o maior dom do amor, do sacrifício da Cruz. Jesus usa a imagem da videira e dos ramos e diz permanecereis no meu amor, fique ligado em mim, como um ramo está ligado à videira. Se estivermos unidos a Ele, podemos dar frutos, e esta é a familiaridade com Cristo. Permanecer em Jesus! É um apegar a Ele, n'Ele, com Ele, falando com ele: permanece em Jesus.
A primeira coisa que um discípulo deve fazer, é estar com o Mestre, ouvi-lo, aprender com ele e isso é sempre, é uma jornada que dura a vida inteira. Lembro-me muitas vezes que na diocese que eu tinha antes, eu vi no final dos cursos muitos catequistas  que saíram dizendo: "Tenho o título de catequista". Isso não ajuda, você não tem nada, você fez uma pequena rua! Quem vai te ajudar? Isto é verdade para sempre! Não é um título, é uma atitude: para estar com Ele, e dura uma vida! É um ficar na presença do Senhor, que Ele olha eu pergunto: Como é a presença do Senhor? Quando você vai para o Senhor, olhe para o Tabernáculo, o que você faz? Sem palavras... Mas eu digo, eu digo, eu acho, eu medito, sinto-me... muito bemm! Mas deixe-se olhar pelo Senhor? Vejamos o olhar do Senhor. Ele olha para nós e esta é uma maneira de rezar. Você deixa-se olhar pelo Senhor? Mas como? Olhe para o Tabernáculo, e deixe-se olhar... é simples! É um pouco "chato, eu caio no sono... Dormindo, dormindo! Ele vai olhar para você mesmo. Mas você tem certeza de que Ele está vendo você! E isso é muito mais importante do que o título de catequista: é parte do Ser catequista. Isso aquece o meu coração, mantém o fogo da amizade com o Senhor, Ele faz você sentir que o Senhor realmente olha, está perto de você e te ama. Em uma das visitas que eu fiz, aqui em Roma, em uma missa, aproximou-se um homem, relativamente jovem, e me disse: “Papa, prazer em conhecê-lo, mas eu não acredito em nada! Eu não tenho o dom da fé”. Ele entendeu que era um presente. "Eu não tenho o dom da fé! O que ele me diz?". Respondi: "Não desanime. Ele ama você. Deixe-se olhar por Ele! Nada mais." E eu digo isso a vocês:  olhem para o Senhor! Eu entendo que para vocês não é tão fácil, especialmente para aqueles que são casados ​​e têm filhos, é difícil encontrar um tempo para se acalmar. Mas, graças a Deus, não é necessário fazer tudo da mesma forma, há variedade de vocações na Igreja e variedade de formas espirituais, o importante é encontrar uma forma adequada para estar com o Senhor , e isso pode ser, você pode em todos os estados de vida. Neste momento, todos podem perguntar: Como posso viver este "estar" com Jesus? Esta é uma pergunta que eu deixo para vocês: "Como posso viver e estar com Jesus, este permanecer em Jesus?". Tenho momentos em que eu vou ficar na sua presença, em silêncio, eu me deixei olhar por Ele? Ele é fogo que aquece o meu coração? Se em nossos corações há o calor de Deus, seu amor, sua ternura, como podemos nós, pobres pecadores, aquecer os corações dos outros? Pense sobre isso!
2. O segundo elemento está presente. Em segundo lugar, começar de novo a partir de Cristo significa  imitá-lo, ir ao encontro do outro. Esta é uma bela experiência, e um pouco algo de “paradoxal”. Por quê? Porque aqueles que colocam Cristo no centro de suas vidas, está fora do centro! Quanto mais você se junta a Jesus, Ele se torna o centro de sua vida, mais Ele faz você sair de si mesmo, você descentraliza e abre para os outros. Este é o verdadeiro dinamismo do amor, este é o movimento do próprio Deus! Deus é o centro, mas é sempre o dom de si, o relacionamento, a vida que se comunica... Também nos tornarmos assim, se permanecermos unidos a Cristo, Ele nos faz entrar nesta dinâmica de amor. Onde há vida verdadeira em Cristo, há abertura para o outro, não há nenhuma saída de si para chegar aos outros em nome de Cristo. E este é o trabalho do catequista: sair continuamente de si, vencer o amor-próprio, para dar testemunho de Jesus e sobre Jesus e pregar Jesus. Isto é importante porque é o Senhor: é o Senhor que nos leva a sair.
O coração do catequista sempre vive esse movimento de "sístole - diástole": a união com Jesus - o encontro com o outro. São duas coisas: eu me juntar a Jesus e ir para o encontro com os outros. Se pelo menos um desses dois movimentos já não bater, não conseguem viver. Recebe o dom do kerygma, e por sua vez, oferece um presente. Esta pequena palavra: presente. O catequista tem consciência de que recebeu um dom, o dom da fé e dá-la como um presente para os outros. E isso é lindo. É puro dom: o dom recebido é um presente enviado. E lá está o catequista, nesta intersecção de presente. É assim na própria natureza do querigma é um dom que gera missão, que sempre empurra para além de si. São Paulo disse: "O amor de Cristo nos impele", mas que "nos impele" também pode ser traduzida como "nós temos". É assim: o amor atrai e envia, leva-o a dá-lo aos outros. Nesta tensão move os corações de todos os cristãos, especialmente o coração do catequista. Todos nós perguntamos: é assim que meu coração bate: união com Jesus e de encontro com o outro? Com este movimento de "sístole e diástole"? Alimenta-se em um relacionamento com Ele, mas para trazê-lo para os outros e não sentir? Vou lhes dizer uma coisa: eu não entendo como um catequista pode permanecer estático, sem esse movimento. Eu não entendo!
3. E o terceiro elemento - três - é sempre nesta linha: começar de novo a partir de Cristo significa não ter medo de ir com ele nos subúrbios. Aqui lembro-me da história de Jonas, um número muito interessante, especialmente em nossos tempos de mudança e incerteza. Jonas era um homem piedoso, com uma vida tranquila, ordeira, e isso o leva a ter seus planos muito claros e julgar tudo e todos com esses esquemas, tão difícil. Tem tudo claro, a verdade é essa. É duro! Então, quando o Senhor o chama e diz para ele ir e pregar a Nínive, a grande cidade pagã, Jonas não se sente. Vá lá! Mas eu tenho toda a verdade aqui! Não sinto como... Nínive está fora de seus planos, fica nos arredores de seu mundo. E, em seguida, fugir, ele vai para a Espanha, ele foge, ele embarca em um navio que vai para lá. Vá ler o Livro de Jonas! É curto, mas é uma parábola muito informativa, principalmente para nós que estamos na Igreja.
O que nos ensina? Ela nos ensina a não ter medo de sair de nossos esquemas de seguir a Deus, porque Deus vai sempre mais além. Mas você sabe o porquê? Deus não tem medo!  Ele não tem medo! É sempre além dos nossos padrões! Deus não tem medo das periferias. Mas se você vai para as periferias, você vai encontrá-lo lá. Deus é sempre fiel, é criativo. Mas, por favor, não entendo um catequista, que não é criativo. E a criatividade é como o pilar do ser catequista. Deus é criativo, não é fechado, nunca é rígido. Deus não é rígido! Nos acolhe, vem até nós, nos entende. Para ser fiel, ser criativo, você tem que saber como mudar. Saber como mudar. E por que eu deveria mudar? E 'para ajustar-me às circunstâncias em que eu tenho que anunciar o Evangelho. Para ficar com Deus devo ser capaz de ir para fora, não tenha medo de ir para fora.  Um catequista sem dinamismo acaba sendo uma estátua de museu, e temos muitos! Temos tantos!Por favor, não queremos estátuas de museu!  Gostaria de saber algum de vocês querem ser estátuas de museu? Alguém tem esse desejo? [Catequistas: Não!] Não? Você tem certeza? Ok. Eu vou dizer agora o que eu já disse muitas vezes, mas é o que diz meu coração. Quando os cristãos estão presos no seu grupo, no seu movimento, em sua paróquia, em seu meio, estamos fechados e o que acontece conosco, acontece com tudo o que é fechado, e quando uma sala está fechada começa o cheiro de umidade. E se uma pessoa está trancada naquele quarto, fica doente! Quando um cristão está trancado em seu grupo na sua paróquia, em seu movimento, é fechado, fica doente. Se um cristão sai nas ruas, nas periferias, pode acontecer com ele o que acontece com uma pessoa que vai para a estrada: um acidente. Tantas vezes já vimos acidentes de trânsito. Mas eu lhes digo: Eu prefiro mil vezes uma Igreja que corre o risco de acidentes do que uma igreja doente! A Igreja, um catequista que tem a coragem de assumir o risco de ir para fora, e não de um catequista que estuda, sabe tudo, mas sempre fechado: este está doente. E às vezes a cabeça está doente...
Mas tenha cuidado! Jesus não diz: vá. Não, ele não disse isso! Jesus afirmou: Vai, Eu estou com vocês! Esta é a beleza e o que nos dá força se formos, se sairmos para anunciar o seu Evangelho com amor, com verdadeiro espírito apostólico, com franqueza, Ele caminha conosco, diante de nós, - o digo em espanhol - não "primerea". O Senhor sempre lá "primerea"! Até agora você já aprendeu o significado desta palavra. E a Bíblia diz isso, eu digo que sim. A Bíblia diz que o Senhor diz na Bíblia: Eu sou como a flor da amendoeira. Por quê? Porque é a primeira flor que floresce na primavera. Ele é sempre "primeiro"! Ele é o primeiro! Isso é fundamental para nós, que Deus sempre nos precede! Quando pensamos em ir embora, em uma periferia distante, e talvez tenhamos um pouco de medo, da realidade, Ele já está lá: Jesus nos espera no coração do irmão em sua carne ferida em sua vida oprimida, em sua alma sem fé. Mas você sabe que uma das periferias que me faz sentir dor, eu tinha visto na diocese que eu estava antes? Uma das crianças que não sabe nem fazer o sinal da cruz. Em Buenos Aires há muitas crianças que não sabem fazer o sinal da cruz. Esta é uma periferia! Você tem que ir lá! E Jesus está lá esperando por você, para ajudar a criança a aprender a fazer o sinal da cruz. Ele sempre nos precede.
Caros catequistas, estes são os três pontos. Sempre recomeçar a partir de Cristo! Agradeço-lhe pelo que você faz, mas principalmente porque estamos na Igreja, o Povo de Deus a caminho, porque você anda com o povo de Deus permanece com Cristo - permanecer em Cristo - tentamos ser mais e mais um com Ele; segui-lo, imitá-lo em seu movimento de amor, em seu alcance para o homem, e nós saímos, abrimos as portas, temos a audácia de traçar novos caminhos para a proclamação do Evangelho.
Que o Senhor te abençoe e Nossa Senhora vos acompanhe. Obrigado!
Maria é nossa Mãe, 
Maria sempre nos conduz a Jesus!
Vamos fazer uma oração para o outro, a Nossa Senhora.
Em seguida todos rezamos a Ave Maria cada um em sua língua e o Papa nos deu a Bênção.

Pe. Eduardo Calandro

Pe. Jordélio Siles Ledo, css 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ENCONTRO REGIONAL AB-C SUL 3 DA CNBB em 11 E 12/09/2013

LOCAL: CECREI, SÃO LEOPOLDO
TEMA: OFÍCIO DIVINO DAS COMUNIDADES
ASSESSORA: IR. ÂNGELA

É uma oração planejada, mas que precisa de ensaio: ensaiar os cantos, os salmos, para que seja partilhado. Oração que se dirige a Deus nas diferentes horas do dia.
Neste sentido, todo trabalho feito com amor, a serviço da vida, todo gesto de compaixão é um OFÍCIO DIVINO.
Mas chamamos ofício divino, especialmente o trabalho comunitário de louvor e intercessão, pela salvação do mundo.

O encontro do regional se caracteriza por fortes momentos de oração  e de profunda reflexão sobre a missão do catequista.


PARTICIPANTES.



MOMENTOS DE ESTUDO E REFLEXÃO






MOMENTOS DE ORAÇÃO






VIGÍLIA DE  QUARTA A NOITE












MISSA DE ENCERRAMENTO  QUINTA








MATERIAL DE ESTUDO


OFÍCIO DIVINO
Fundamentos teológicos
Penha Carpanedo


1. O Oficio Divino ação de Cristo e do Espírito

A peculiaridade da "oração litúrgica" está no fato de ser sacramento da oração de Cristo através da assembléia litúrgica, sinal sensível da sua presença e do seu corpo que é toda a Igreja. A assembléia litúrgica é sacramento da Igreja, porque nela Cristo está ativamente presente com seu Espírito (Cf SC 7; Mt 18,20).
A Constituição litúrgica Sacrosanctum Concilium expressou com palavras poéticas e densas a presença de Cristo no Oficio Divino: "O Sumo Sacerdote da nova e eterna aliança, Jesus Cristo, ao assumir a natureza humana, trouxe para este exílio da terra aquele hino que se canta por toda a eternidade na celeste morada. Ele une a si toda a humanidade e associa-a a este cântico divino de louvor." (SC 83).
Esse hino é expressão da reverência filial do próprio Verbo de Deus, em diálogo, de amor com o Pai desde o princípio, e que manifestou-se na plenitude dos tempos. "Encarnando~se, o Filho não interrompe o seu hino, mas o introduz em nossa terra e a ele associa a Igreja". [1]
A prece de Jesus que a Igreja continua não é apenas a que se canta nas morada,s do céu, mas também a prece que ressoa de dentro de sua vida cotidiana e da sua atividade missionária (cf. IGLH 4 e 5); nas noites que Jesus passava em oração (cf Mt 14,23.25; Mc 6,46.48), na oração dirigida a Deus antes de curar um doente, no grito da cruz, na grande oração sacerdotal antes da sua morte (cf. Jo 17). "Durante a sua vida terrena, Jesus ofereceu orações e súplicas com grande clamor e lágrimas àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido por sua obediência (Hb 5, 7).
Jesus, antes de passar deste mundo ao Pai, confiou à Igreja, não somente a memória da ceia, mas também a sua oração, pois ele não pode mais separar-se do seu corpo que é a Igreja. De tal maneira formamos uma única realidade com Cristo, que quando a Igreja ora e salmodia, é o Cristo orando na voz da Igreja (cf. SC 7). A sua oração, como o seu sacrifício, prolonga-se na Igreja. Cristo continua em nós, povo sacerdotal que somos, sua atitude de gratidão, de contemplação, de louvor ao Pai, na exultação do Espírito Santo. É o Espírito que nos faz entrar na relação filial de Jesus com o Pai, porque "Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu filho que clama: Abba, Pai!" (Gl 4,6). "O Espírito socorre a nossa fraqueza, pois não sabemos o que pedir (corno convém, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis" (Rm 8,26).

2. Oficio Divino, ação da Igreja

Sacrosanctum Concilium afirma que "Cristo continua a sua missão sacerdotal por meio da Igreja" que louva o Senhor sem cessar e intercede pela salvação do mundo, não só com a celebração da Eucaristia, mas de vários outros modos, especialmente pela recitação do Oficio Divino" (SC 83).
Há, na Sacrossanctum Concilium, uma insistência para que o Ofício seja feito e:m comum, ao menos em parte (cf. SC 99), que a oração comunitária seja preferível à oração individual (cf. IGLH 33). A Introdução Geral aplica à Liturgia das Horas a determinação conciliar que afirma ser as ações litúrgicas não ações privadas, mas celebrações da Igreja (...), ações que pertencern a todo o corpo da Igreja (cf. SC 26; IGLH 20) e que, por isso, não pode ficar "reservada" a alguns. Por isso, a Sacrossanctum Conciliumrecomendou que "também os leigos recitem o Oficio Divino" (SC 100).
A expressão oração da Igreja "tinha, num passado recente, um sentido prioritariamente jurídico. O Oficio era a oração da Igreja porque era organizado e regulamentado pela Igreja, reconhecido oficialmente e confiado como obrigação a alguns delegados para isso, os quais oravam "em nome da Igreja" [2]. No entanto, com a renovação conciliar, devolve-se o Oficio Divino ao povo de Deus, à comunidade dos batizados. É da Igreja porque a Igreja realiza a ação. Parte-se do mistério da Igreja, povo sacerdotal pelo batismo, animado pelo Espírito Santo, com direito e obrigação de celebrar (cf. SC 14 e cf. IGLH n. 6-7), de formar "assembléia para louvar a Deus..." (SC 10). O caráter eclesial da Liturgia das Horas é garantido, quando é realizada pela comunidade com seus ministros ou mesmo por uma pequena assembléia formada por leigos (cf. IGLH 27) ou por religiosas que "representam a Igreja orante" (IGLH 24).
O sacerdócio de Jesus, chave de compreensão do seu ministério, participado por todos os cristãos mediante o batismo, confere fundamento, razão e valor à prece dos filhos e filhas de Deus. Temos na teologia do sacerdócio dos fiéis, e em sua conseqüente habilitação para o culto divino, fundamento do direito e da obrigação de todos os fiéis de participarem da prece da Igreja. Não se trata de delegação exterior e de caráter apenas jurídico. Trata-se de habilitação teologal.
O Oficio Divino das Comunidades está organizado de tal maneira, que "exprime mais claramente" a tradição de oração da Igreja, de modo que o povo não só pode mais facilmente compreender, mas pode participar plena e ativamente da celebração (Cf. SC 21); coloca em prática a recomendação do Concílio de que a liturgia não é ação privada, mas pertence a todo o corpo da Igreja (SC 26; IGLH 20). Na prática do Oficio Divino das Comunidades, um elemento muito valorizado é o espaço, de preferência em forma circular ou semicircular, fazendo com que a assembléia possa se posicionar sem separações de categorias, para possibilitar a intercomunicação e para simbolizar a comunhão que o Senhor forma entre nós. (Em geral, os recintos de nossas Igrejas são pouco adequados, não correspondem à eclesiologia de comunhão e participação, e não permitem a necessária circularidade por parte da assembléia).

3. A memória da páscoa associada à hora

Na organização do ano litúrgico da Igreja, ao lado dos ritos de festa com seu ritmo anual ou semanal, que faz um dia ou um tempo diferente do outro, há os ritos do cotidiano que diferenciam uma hora das outras horas. Embora a Liturgia das Horas leve em conta o ciclo anual e o ciclo semanal, ela se inscreve fundamentalmente no ritmo diário. A Introdução Geral à Liturgia das Horas, partindo da Sacrosanctum Concilium que fala de "consagrar, pelo louvor, o curso diurno e noturno do tempo" (cf. SC 81.1), define como finalidade da Liturgia das Horas a santificação do dia e de toda a atividade humana (cf. IGLH 10-11 ).
A organização do tempo faz parte da estrutura simbólico-sacramental da liturgia. O sinal sensível (cf. SC 7) é o tempo, ao qual associamos o mistério da páscoa de Jesus com elementos rituais próprios. Ao sinal sensível do amanhecer e do entardecer associamos o mistério central da nossa fé, a morte-ressurreição de Jesus, em sintonia com a vida que se movimenta para o trabalho no início de cada dia e que retoma para o descanso em cada anoitecer. O símbolo fundamental é a luz do sol que nasce e se põe, lembrando em cada manhã a visita do sol nascente, sol da justiça, Jesus Cristo... e à tarde a sua vitória sobre as trevas trazendo para o mundo a esperança de um dia sem ocaso. É do símbolo luz, associado ao Cristo que jorra toda a elaboração ritual do oficio da manhã e da tarde/noite.
Para que todos possam celebrar melhor e mais perfeitamente o Oficio Divino nas circunstâncias atuais, o Concílio estabeleceu dois momentos principais: laudes e vésperas. A hora chamadamatinas deixa de ser exclusivamente uma hora noturna, podendo ser celebrada durante o dia, com menos salmos e leituras mais longas. A hora de prima foi supressa e mantida as completas. As três horas menores, terça, sexta e noa permaneceram como celebração comunitária, podendo, porém, celebrar uma das três como hora média.
Laudes e vésperas, "tidas como os dois pólos do ofício cotidiano, são consideradas como as horas principais" (SC 89). ASacrosanctum Concilium recomenda que o ofício da manhã e da tarde sejam mais solenemente celebrados, principalmente aos domingos e festas, e que a eles os fiéis sejam mais especialmente convidados (cf. SC 100) e que esses ofícios sejam cantados (cf. SC 99) [3]. Teve-se o cuidado de torná-los populares, colocando neles as "preces", a recitação comum do Pai-nosso e evitando atribuir-lhes salmos muito difíceis.

a) O Ofício da manhã

A Introdução Geral dá o sentido da oração da manhã afirmando que esta tem por finalidade consagrar a Deus os primeiros movimentos da alma e da mente, antes de qualquer outra ocupação... Celebrada ao chegar a luz do dia evoca a santa ressurreição de Jesus "Sol da justiça" (Ml 4,2), nascendo do alto (Lc 1,78).
No início de um novo dia, assumindo nossa responsabilidade na transformação do mundo, consagramos o dia pelo louvor, intercedemos pelo mundo inteiro, como povo sacerdotal, como corpo de Cristo. "Amanhã não pertence ao indivíduo, mas à Igreja do trino Deus, à comunidade da família cristã, à fraternidade" [4], lembra Dietrich Bonhöeffer. Por isso é tão importante a reunião dos irmãos e irmãs, na confiança de que a compaixão de Deus se renova para o seu povo todas as manhãs (Lm 3,22-23).
Em cada manhã alegramo-nos com a chegada de um novo dia, com a luz do sol que põe: fim à noite e mais nos alegramos porque em tudo isso reconhecemos o Cristo, luz que vence as trevas evocando a nossa passagem da morte para a vida, nossa participação no mistério da páscoa de Cristo, nosso mergulho na vida da Trindade.
O Cântico de Zacarias, trazendo a forte imagem do sol que vem do alto, é expressão jubilosa do louvor da comunidade dos pobres à espera da libertação. Evoca, ao anunciar a missão de João Batista, a vocação missionária da Igreja, da Igreja concreta comprometida com o reino, com as lutas do povo. Vários hinos, especialmente no tempo comum, cumprem esta função de louvar o Pai, pelo filho, luz que vem do alto. O Oficio da manhã é voltado para o futuro, não só de nosso dia, mas da vida do mundo. Aponta para um tempo novo de justiça e paz.

h) Ofício da tarde ou noite

A oração da tarde é celebrada quando anoitece, para agradecer o que temos vivido ao longo do dia. Relembramos também nossa redenção por meio da oração, que elevamos "como incenso", qual sacrifício vespertino, evocando o sacrifício de Jesus na tarde da última ceia e também o sacrifício vespertino da sua entrega na cruz. E hora de invocar a luz alegre da santa glória do Pai, Jesus Cristo (cf. IGLH 38-39).
À tarde, com o sol poente e a chegada da noite, sentimos no corpo o cansaço do dia, nos damos conta da efemeridade de toda a realidade criada... Também nos alegramos com os frutos do trabalho humano, "com as vitórias conquistadas e os passos dados pelas nossas comunidades em busca da terra prometida" (ODC p. 472).
Recordamos a paixão e a morte de Cristo, a sua Hora... mergulhando nas trevas, mergulhamos no abandono de Jesus, tomamos nosso o seu grito na cruz, sentindo a nossa própria escuridão, em comunhão com todo um povo que grita de tantas maneiras... No meio da escuridão acendemos a lâmpada, em atitude de vigilância e de confiança, acolhendo o dom da luz, renovando nossa esperança na ressurreição, num dia novo, sem trevas, sem grito de dor.
O pôr-do-sol corresponde à hora da ceia de Jesus na iminência da sua HORA (Lc 22,53), "é pois, a hora do sacrifício vespertino (Sl 140,2) e da Eucaristia, dando, a esta palavra, não seu sentido estritamente sacramental, mas de ação de graças'por todos os dons recebidos no decorrer do dia que termina" [5].
Unindo-nos à sua intercessão, pedimos pelas necessidades da humanidade e de toda a criação. Vale a pena lembrar aqui as palavras de Bonhöeffer a esse propósito: "Esse é o momento especial para a intercessão comum. Depois de um dia de trabalho, rogamos a Deus por bênção, paz e preservação para toda a cristandade, para nossa comunidade, os pastores e seu ministério, todos os pobres, miseráveis, solitários, doentes e moribundos, vizinhos, familiares e por nossa comunhão. Haveria outra hora em que poderíamos saber com maior profundidade do poder de Deus e sua atuação do que na hora em que deixamos de lado o trabalho e nos confiamos em suas mãos fiéis? Quando estaríamos mais preparados para pedir por bênção, paz e preservação do que ali onde nosso fazer chegou ao fim? Quando nós nos cansamos Deus realiza a sua obra. "Não dorme, nem cochila o guarda de Israel" (Sl 22,4) [6].

c) o oficio de vigília

Na tradição da Liturgia das Horas, com o termo "vigília" se entendem diversas coisas: a oração noturna privada dos cristãos nos primeiros três séculos; as vigílias privadas das virgens e ascetas; uma vigília dominical da ressurreição, como em Etéria e nas Constituições Apostólicas; noturnos monásticos; a vigília batismal, originariamente celebrada só na vigília pascal e mais tarde também na vigília de natal, epifania e pentecostes; vigílias vespertinas ocasionais, principalmente no sábado, prolongadas por toda a noite que se concluía com a eucaristia.
A celebração das vigílias vespertinas ocasionais no sábado à noite torna-se uma prática muito popular nos primeiros séculos da Igreja. Essa vigília era composta de uma salmodia, oração e leitura, salmodia responsorial ou antifonal, com participação do povo, diferente da salmodia contínua e de caráter mais meditativo das vigílias e dos noturnos monásticos [7].
O oficio das leituras corresponde às antigas matinas do cursus(vigília de tipo monástico). Na reforma litúrgica do Concilio Vaticano II, deixou de ter caráter apenas noturno, podendo ser rezado também durante o dia (cf. SC 89). A Introdução Geral da Liturgia das Horas, porém, recomenda a celebração da vigília para iniciar o domingo (sábado à noite) e as festas e solenidades, com cantos apropriados do AT e a solene proclamação do evangelho da ressurreição, concluindo-se pelo Te Deum (cf IGLH 73). Dessa forma, diz Robert Taft, o Oficio das leituras, ao menos quando é celebrado como vigília, pode ser considerado uma tentativa de restaurar, em parte, a antiga vigília vespertina ocasional de que falamos acima[8].
No Oficio Divino das Comunidades, a vigília é de tipo ocasional e é proposto para o início do domingo no sábado à noite, ou das festas. Assim como os primeiros cristãos esperavam a volta de Cristo; durante a noite de sábado para o domingo, nós também celebramos aguardando a sua volta, gozando da sua presença no sacramento da celebração pascal. Para as nossas comunidades, que vivem a fé enfrentando tantas situações de escuridão, a vigília é um sinal que expressa a resistência e a esperança que a luz irromperá tão certa como a aurora... Na prática do Oficio Divino das Comunidades, o Oficio da vigília, com acendimento das velas, é o mais festivo e muito do jeito do povo que conhece o costume de começar a festa na noite anterior como na festa de São João.
A estrutura do oficio de vigília (cf. ODC p. 453) é a mesma dos ofícios da tarde, incorporando na abertura o rito da luz e do incenso. A leitura bíblica indicada no livro é o evangelho do domingo, mas poderia ser um dos relatos da ressurreição conforme a indicação da Liturgia das Horas.




4. Memória da páscoa associada aos dias e aos tempos

No ciclo semanal, o oficio divino, ressalta o sentido pascal do dia, começando pelo domingo, o dia da nova criação pela ressurreição de Jesus, com alguns elementos característicos: salmos mais pascais (110, 114, 118, 148, 149,150), antífonas, hinos, preces... Dentro desse ciclo semanal há na tradição o costume de ligar a quinta-feira à memória da ceia, a sexta-fe1ra à memória da cruz, e o sábado de manhã à memória de Maria. O Oficio Divino das Comunidade:s acrescenta à quinta-feira a oração pela unidade, e no sábado, a comunhão com o povo de Israel. Além disso, o Oficio Divino das Comunidades deu à segunda-feira um sentido ligado à criação em comunhão com todos os que lutam pela preservação do universo e com todos os trabalhadores; na terça-feira, invoca Deus como salvador, Deus da nossa libertação, e na quarta-feira, alude ao reino de Deus e a sua manifestação nos acontecimentos da caminhada do povo.
No ciclo anual há Ofícios para os tempos e festas do ciclo do natal e do ciclo da páscoa, para as festas do Senhor e para festas e memórias de Maria e dos santos e santas. O Oficio divino das Comunidades assume a memória dos santos do calendário romano e acrescenta os santos populares, os mártires da caminhada, santos e santas de outras Igrejas e religiões, e alguns heróis da humanidade. No final do livro há o calendário popular com indicações de leituras bíblicas correspondentes.




[1] FALSINI Rinaldo. Liturgia delle ore, p. 22
[2] FALSINI, Rinaldo. Liturgia delle Ore, p. 30
[3] Cf. SAGRADA CONGREGAÇÃO DOS RITOS. Instrução sobre a música na liturgia, n. 37.
[4] BONHÖEFFER, Dietrich. A vida em comunhão, p. 29
[5] ROGUETE A. M. Comentário sobre a Liturgia das Horas, p. 47.
[6] BONHOEFFER, Dietrich. A vida em comunhão, p. 56.
[7] Cf. TAFT Robert. La liturgia delle ore in oriente e in occidente, p. 252-254.
[8] Cf. TAFT Robert. La liturgia delle ore in oriente e in occidente, p. 254. Mantendo pelo menos em parte o seu caráter noturno, pode ser celebrado de modo especial à noite, manifestando "a ativa espera do Senhor que vai voltar" (IGLH 72). "O Oficio das Leituras foi organizado de tal modo que seja sempre breve. E segundo a tradição, aqueles que desejarem que a celebração das vigílias do domingo, solenidades e festas sejam prolongadas (...) acrescentam-se os cânticos para isso indicados no apêndice (...), lê-se o evangelho (...), depois canta-se o hino Te Deum e se diz a oração. Nas solenidades e festas, toma-se o evangelho do lecionário da missa. Nos domingos, toma-se da série do mistério pascal" (IGLH 73).

OS ELEMENTOS DO OFÍCIO DIVINO DAS COMUNIDADES
Penha Carpanedo

1. Embora o Oficio divino leve em conta o ciclo anual e o ciclo semanal (OD~.p. 452), ele se inscreve fundamentalmente no ritmo diário, feito de'-inanhã e taroé, dia e noite. O específico da liturgia das horas é fazer o memorial da pà"SCoa de Jesus ligado às horas do dia. O sol que aparece e se esconde é símbolo cósmico do mistério da morte e ressurreição do Senhor, que deu origem à elaboração ritual do oficio da manhã e da tarde.

2. De manhã renovamos nossa adesão ao Cristo e consagramos o dia pelo louvor. O símbolo fundamental é o sol nascente, fonte de vida e de alimento, de calor. No início de um novo dia, assumindo nossa responsabilidade na transformação do mundo, intercedemos pelo mundo inteiro, como povo sacerdotal, como corpo de Cristo.

3. final do dia, nos lembra as trevas da paixão e morte de Cristo, a efemeridade de toda a realidade criada. Mas o dom da luz nos lembra de novo o Cristo, luz do mundo. Damos graças a Deus pela vinda da luz que nos tira da escuridão (lucernário). Outros elementos: intercessão pelas necessidades da humanidade; agradecimento pelas graças recebidas durante o dia principalmente pela resurreição de Cristo; pedido de perdão pelas falhas cometidas; pedido de proteção durante a noite que se aproxima.

4. A celebração de cada dia e de cada hora, aguça o nosso olhar para descobrirmos no cotidiano da vida, na aparente monotonia das coisas, a presença amorosa de Deus. Estes ofícios de louvor (manhã) e ação de graças (tarde), a cada dia, vêm LEMBRAR a nós que vivemos imersos no tempo (chronos ), no trabalho e na luta cotidiana, que há uma salvação de Deus operando na história (kairós) e nos convida a agradecer, a fazer o que Paulo recomenda na carta aos Tessalonicenses: "Que ninguém pague o mal com o mal,. procurai sempre o bem entre vós e para todos. Ficai sempre alegres, orai sem cessar, dai graças por tudo. É isso o que Deus quer de vós como cristãos." (Ts 5,15). É apelo à gratuidade seja na relação com Deus e com as pessoas, seja com as coisas que nos circundam. Thomas Moore, em "Cuide da sua alma" fala da importância das pequenas coisas para a vida da pessoa: "De alguma perspectiva grandiosa da vida, pode parecer que só os grandes eventos acabam tendo importância. Para a alma (a infinita profundidade de uma pessoa), no entanto, os menores detalhes e as atividades mais comuns, levados à cabo com atenção e arte, tem um efeito bem maior do que aparenta sua insignificância" (p. 250).

5. Não é fácil viver a novidade de Deus através de elementos comuns todos os dias. Há o perigo de cairmos na rotina, repetindo o rito sem perceber o seu significado. Mas também não resolve inventar cada dia coisas novas. É da natureza do cotidiano a repetição. O que se requer é descobrir a presença de Deus no cotidiano da vida, em cada momento presente, perseverando na busca de Deus, sabendo que muitas vezes é na aridez do deserto que Deus nos espera.

6. A páscoa é a mística que unifica todas as celebrações do ano. A festa anual da páscoa, faz de um modo mais intenso, a memória da ação pascal de Deus na história, em Jesus Cristo, mas nas celebração de cada domingo e de cada dia da semana, é sempre a páscoa do Senhor - que celebramos. Trata-se de prolongar a alegria da festa até a segunda feira depois do domingo, de "impregnar de páscoa o aro inteiro".

7. São João tem uma palavra significativa: "sabemos que passamos da morte à vida se amamos os irmãos". Este ponto fundamental da proposta cristã, pertence ao cotidiano. E no verdadeiro amor que damos aos irmãos que se verifica a transformação que Deus realiza em nós. Sabemos o que significa a luta para superar nossas expectativas, nossas exigências em relação aos outros, para amar gratuitamente. Vamos à celebração da comunidade cada dia, como pobres, como necessitados da compaixão de Deus, para realizarmos, no encontro com cada pessoa, esta passagem da morte à vida, amando sem esperar nadaem troca. Muitas vezes sentimo-nos fracassados neste caminho. Sofremos decepções com os outros e conosco mesmas. A liturgia vem nos lembrar cada dia, que Jesus superou o fracasso humano. da cruz com o amor que vence a morte.

8. Liturgia é louvor, ação de graças. Penso que é fundamental que cada pessoa cultive em sua vida "a convicção de que é filha de Deus, amada, acolhida, independentemente de erros no passado ou de possíveis falhas no futuro. Acreditar no desígnio de Deus-amor sobre cada criatura, infinitamente maior do que nossas limitações e miséria humana., valorizando o positivo que há na própria vida e nas outras pessoas.

9. O Oficio Divino pode ser rezado individualmente, sem nenhum rito. Entretanto, sendo uma ação litúrgica, tem um caráter marcadamente comunitário e celebrativo. O louvor de Deus se realiza na comunhão dos irmãos e irmãs, por meio da Palavra e dos gestos simbólicos. (ODC p.14). Qualquer rito comunitário precisa de um mínimo de estrutura. Sem isto cada coordenador(a) acaba tendo que criar um esquema em cada oficio, correndo o perigo de impor o seu próprio gosto (ODC p 10). Pode ser útil, retomar de vez em quando, o sentido dos elementos que compõem o Oficio.

A) CHEGADA
O Oficio Divino das comunidades introduziu o elemento da chegada, para que cada pessoa se disponha interiormente para o louvor, curtindo a presença do Senhor, reunindo o coração, de modo que a oração comunitária se apóie na oração pessoal. Estando para iniciar a celebração, - diziam os rabinos, -disponha-se a "acender o candelabro de Deus em seu coração, a retomar o caminho da misericórdia e a reavivar a alegria da gratidão".[1]
O mantra, neste momento, não pode ser mais um elemento que se introduz e que se usa de uma maneira mecânica. Ele é sugerido em função da oração pessoal que antecede o oficio. O clima deste momento é estabelecido pelo silêncio e pela quietude. Não devemos passar mecanicamente do mantra à abertura ou transformar este momento (da chegada) num rito de abertura antes da abertura.

B) ABERTURA
Um oficio nunca começa com um comentário, nem com um cântico catequético. Os ofícios começam com versos bíblicos de invocação de Deus ou de convite para o seu louvor. A liturgia das Horas chama de invitatório a abertura do primeiro oficio do dia e lembra que a sua função é "convidar os fiéis a cantar os louvores de Deus e a escutar a sua voz (IGLH, n. 34). Ele consta de um verso do salmo 51, "Abri os meus lábios, ó Senhor. E minha boca anunciará vosso louvor", seguido do salmo 95 (ou o salmo 100,67, ou 24), precedido por uma antífona e cantado de forma responsorial (IGLH, n. 34). O oficio da manhã (quando esta não for o primeiro do dia) e o oficio da tarde começam com o verso introdutório: "vinde, ó Deus em meu auxílio. Socorrei-me, sem demora", mais o glória ao Pai e o aleluia. (IGLH, n. 41 ).
No Oficio Divino das comunidades, considerando ser sempre o oficio da manhã o primeiro do dia a Abertura deste oficio tem a mesma estrutura do invitatório: o verso Estes lábios meus, seguido de um segundo verso de acordo com a hora, o tempo litúrgico ou a festa que corresponde à antífona, mais versos de um salmoglória e aleluia. No Oficio da tarde a abertura segue exatamente o que está indicado no n. 41 da IGLH: o verso "Vem, ó Deus. da vida..., Glória ao Pai, o aleluia, acrescentando uma palavra de acolhida e um verso sapiencial ligado ao sentido da celebração. A abertura da vigília do domingo, começa com o salmo 117(116), seguido de versos para acompanhar o acender das velas (lucernário) e a oferta do incenso, mais o glória e o convite final.
·       Quem usa a Liturgia das Horas, pode encontrar nestas aberturas do Oficio Divino das Comunidades, uma boa alternativa, com a vantagem de serem cantadas e em forma de repetição, sobretudo para os dias da semana, reservando o invitatório para os domingos e festas.

C) RECORDAÇÃO DA VIDA
A liturgia celebra fatos, não celebra idéias. Não é reflexão de um tema, é memória da história de Deus com o seu povo. Na reflexão de um tema privilegiamos a atividade da mente que pesquisa, reflete, assimila informação, adquire conhecimento. Na memória, o objetivo é buscar o sentido da vida e da história, reanimar o coração, retomar o caminho da aliança com Deus.
Fazer memória está ligado a um fato ou a fatos significativos. No Antigo Testamento, o fato fundamental é o êxodo. A partir desta experiência toda a vida tem uma dimensão de êxodo e de aliança. Lembrar o passado é viver no presente a experiência de ser alguém libe$do por Deus.
A liturgia do Novo Testamento faz memória da páscoa de Jesus. Jesus é o novo Moisés e sua morte e ressurreição é o novo êxodo. Cada celebração faz memória deste fato fundamental. Lembramos Jesus, que venceu a morte e nele trazemos a lembrança de nossas lutas e vitórias.
A vida está "latente" em toda a celebração: às vezes é uma música que evoca a lembrança de nossas vivências, às vezes é um gesto... mas é sobretudo no momento da Recordação da vida que trazemos de maneira mais explícita os fatos da vida. "A vida, os acontecimentos de cada dia, as pessoas, suas angústias e esperanças, suas tristezas e alegrias, as conquistas e revezes da caminhada, as lembranças marcantes da história, da comunidade, das igrejas e dos povos, os próprios fenômenos da natureza são sinais de Deus para quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir (...). Sentar para recordar a vida, trazê-la de volta ao coração, partilhar lembranças e preocupações é ajudar a tornar a oração verdadeira (Cf. ODC p. 11 ).

D) HINOS
Não é um salmo, nem um cântico bíblico, ainda que seja inspirado na bíblia... De natureza lírica, é destinado ao louvor de Deus, expressando o sentido da hora, ou festa, ou tempo (Cf. IGLH n. 173). A introdução geral recomenda que se introduza novas criações de hinos, levando em conta este critério (n. 178).
O Oficio das Comunidades valorizou alguns hinos antigos, mas privilegiou os hinos e cânticos da caminhada da Igreja do Brasil nos últimos 30 anos. As comunidades são convidadas a terem seus próprios hinos, além dos que já estão no livro do oficio.

E) SALMODIA
As comunidades cristãs, desde cedo, fizeram dos salmos a base da sua oração e a expressão do seu louvor (ODC p 11). Elas nos ensinaram que os salmos são uma escola de oração e que neles aprendemos a juntar o louvor e o lamento, a ação de graças e a intercessão, a indignação e a confiança. Com os salmos a gente aprende a rezar ligado à história do povo de Deus, de ontem e de hoje, à luz do acontecimento maior, a páscoa de Jesus.
"Quem salmodia em nome da Igreja deve prestar atenção ao sentido pleno dos salmos especialmente ao sentido messiânico, em virtude do qual a Igreja adotou o saltério. Este sentido messiânico tornou-se plenamente manifesto no Novo Testamento... Seguindo este método, os santos padres entenderam e comentaram todo o saltério como profecia a respeito de Cristo e da Igreja. Com esse mesmo critério, escolheram-se os salmos na sagrada liturgia" (IGLH 109). Na reforma litúrgica os salmos foram distribuídos em 4 semanas, levando em conta as diversas horas do dia e as peculiaridades de alguns dias da semana e, de certas festas "Na liturgia das horas quem salmodia não o faz tanto em seu próprio nome, como em nome de todo o Corpo de Cristo, e ainda na pessoa do próprio Cristo... No Oficio divino, os salmos em sua seqüência oficial não se cantam em particular, mas em nome da Igreja, mesmo quando alguém reza sozinho alguma das horas" (IGLH 108)
"Quem salmodia sabiamente, irá percorrendo versículo por versículo, meditando um após outro, sempre disposto em seu coração a responder, como exige o Espírito que inspirou o salmista e assistirá igualmente as pessoas devotas, dispostas a receber sua graça. Por isso, ainda que exigindo a reverência devida à majestade de Deus, a salmodia deve desenvolver-se com júbilo espiritual e com doçura de caridade, tal como corresponde à poesia sagrada e ao canto divino, e, mais ainda, à liberdade dos filhos de Deus" (IGLH 104)
São Bento apresenta em sua regra a grande disciplina da salmodia: "Consideremos de que modo convém estar na presença de Deus e de seus anjos, e, ao salmodiarmos, que nos mantenhamos em tal atitude que nossa mente concorde com nossa voz" (RB 19,6- 7).

Como fazer:
Depois do hino, alguém introduz o salmo. O cantor ou cantora o entoa e a comunidade entra alternando com o(a) cantor(a), ou em dois coros. No final do salmo um tempo em silêncio:..
Repetição de algum verso que chamou a atenção, e, por fim, quem coordena conclui a salmodia com a oração sálmica.
- O título que precede o salmo é uma referência ao contexto de origem do salmo.
- O versículo do novo testamento explicita seu sentido cristológico.
- No Oficio das Comunidades há uma introdução (monição) que começa fazendo referência ao contexto de origem do salmo, terminando com uma atualização.
- As antífonas ou refrãos acentuam algum aspecto do salmo que poderia passar despercebido (no tempo comum); confere matiz particular a determinado salmo em certas circunstâncias, ajudando a compreender os seus diferentes sentidos (Cf. IGLH 113), conforme o tempo, a memória, a festa.
- As orações sálmicas não se caracterizam por sua referência à festa ou ao tempo litúrgico. Retomam o conteúdo do salmo e o exprime em forma de oração cristã, na, comunidade (Cf. LH 112). A oração sálmica é de tipo coleta. Tem a seguinte estrutura básica: Invocação, memória, pedido, intercessão (em nome de Jesus) e confirmação da assembléia (amém).
- Quanto à forma de salmodiar, recomenda-se a forma alternada (Cf. IGLH, nn.121-125).

F) LEITURA BÍBLICA
O forte no Oficio Divino são os salmos e cânticos bíblicos, palavra de Deus cantada e meditada. Mas sempre escutamos uma leitura bíblica, que, segundo a introdução geral, completa a leitura que se faz na missa, oferecendo assim uma visão geral de toda a história da salvação (IGLH 143). De fato, a Liturgia das Horas foi pensada para comunidades que têm missa todos os dias. O Oficio das Comunidades, ao contrário, foi pensado para comunidades que não têm missa todos os dias. Por isso, no tempo comum foi indicado uma breve leitura, mas se recomenda para todos os tempos a leitura do dia conforme o lecionário dominical e cotidiano.
Que usa a Liturgia das Horas, e não tem missa diária, pode se apoiar neste critério, proclamando o evangelho do dia em dos ofícios e a leitura breve no outro.

G) MEDITAÇÃO
O tempo da meditação é para deixar que a palavra caia no coração mais profundamente e se encontre com a nossa experiência de vida. Não se trata de debater ou discutir, mas de acolher a Palavra do Senhor viva e atual. O fundamental na meditação é descobrirmos juntos a boa nova que nos vem por meio desta palavra e o que ela pede de nós.

·       Na renovação litúrgica, os responsos foram mantidos para conservar o caráter contemplativo próprio do oficio divino. Tem a função de responder a palavra. No Oficio Divino das Comunidades sugere-se para depois da palavra: "silêncio, partilha, refrãos...". Quando a leitura for do evangelho, canta-se, antes e depois, uma aclamação.




H) CÂNTICO EVANGÉLICO
É costume antigo da igreja cantar, no oficio da manhã, o cântico de Zacarias, ao despontar para nós o Sol da Justiça; à tarde, o cântico de Maria, dando graças ao Pai por sua manifestação na história, e, à noite, o cântico de Simeão, na grata e serena alegria de quem viu a salvação acontecer.
Estes cânticos evangélicos compostos por Lucas a partir de textos bíblicos anteriores, gozam de importância especial, por sua referência a Jesus Cristo e são consideradas na tradição romana e monástica ocidental, o ápice da liturgia das horas nas laudes, vésperas e completas. Expressam louvor e ação de graças pela redenção. Há no Oficio Divino das Comunidades, boas versões cantadas.

I) PRECES, PAI NOSSO, ORAÇÃO E BÊNÇÃO
Louvar, agradecer, pedir, suplicar, interceder pela humanidade é tarefa de cada comunidade cristã como povo sacerdotal. Alguém faz o convite e propõe a resposta, de preferência cantada. Após as intenções que constam no texto da LH, as pessoas podem apresentar espontaneamente as suas preces. No final, todos recitam ou cantam o Pai nosso, acrescentando: Pois vosso é o Reino, o poder e a glória para sempre, como faziam as comunidades dos primeiros séculos, e como é costume até hoje nas igrejas evangélicas. O(a) coordenador(a) conclui as preces com uma breve oração (ODC p. 14).

J) BÊNÇÃO
O oficio se conclui com uma bênção. Depois da bênção, a coordenadora ou coordenador despede a assembléia convidando a prolongar o louvor nos afazeres da vida: Bendigamos ao Senhor... Quer dizer: Continuemos a bendizer o Senhor, ao longo deste dia, desta noite, em nossos trabalhos...


10. Os ministérios na Liturgia das Horas
"Na celebração da Liturgia das Horas, como nas demais ações litúrgicas, 'cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a própria função, faça tudo e somente aquilo que lhe compete pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas"' (IGLH, n. 253).
Cabe ao coordenador ou coordenadora do Oficio dar início com o verso introdutório, começar a oração do Senhor, proferir a oração conclusiva, saudar o povo, abençoá-lo e despedi-lo (IGLH, n. 256).
Quem desempenha o oficio de leitor, proclamará em pé, do lugar apropriado, as leituras longas ou breves (IGLH, n. 259).
Cabe ao cantor ou cantores iniciar as antífonas, salmos ou demais cantos.

11. Gestos e atitudes
Todos participa de pé: durante a abertura, o hino, os cântico evangélico, as preces, o Pai-osso e a oração conclusiva (IGLH, n. 263). Todos participam sentados da proclamação das leituras (exceto o Evangelho ); de pé ou sentados, conforme o costuma, da recitação dos salmos e demais cânticos com suas antífonas (IGLH, nn. 264-265).
Todos fazem o sinal-da-cruz, da fronte ao peito e do ombro esquerdo ao direito: no início das horas, quando se diz, "vinde, ó Deus em meu auxílio...", no início dos cânticos evangélicos. Faz o sinal-da-cruz sobre os lábios, no início do invitatório, às palavra "abre, Senhor, os meus lábios".

12. Missa no ofício

No oficio da manhã (IGLH n. 94):
A ação começa com o verso introdutório e o hino da oração da manhã.
Segue-se a salmodia da oração da manhã como de costume.
Oração do dia.
Liturgia da Palavra, como de costume, incluindo as preces que podem ser tomadas do oficio da manhã. Após a comunhão com o seu canto próprio, canta-se o cântico de Zacarias com sua, antífona da Oração da manhã. Oração pós comunhão bênção e despedida.

No Oficio da tarde (IGLH n. 96):
A ação começa com o verso introdutório e o hino da oração da tarde.
Segue-se a salmodia da oração da tarde como de costume.
Oração do dia.
Liturgia da Palavra, como de costume, incluindo as preces que podem ser tomadas do oficio da tarde.
Após a comunhão com o seu canto próprio, canta-se o cântico de Maria com sua antífona da Oração da tarde.
Oração pós comunhão bênção e despedida.

BIBLIOGRAFIA

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO, Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas (02.02.1971), in: Ofício divino renovado coliforme decreto do Concílio Vaticano promulgado por Paulo VI. Liturgia das Horas, vol. I, Tempo do advento e tempo do natal, Petrópolis: Vozes; São Paulo: /Paulinas/Paulus/ Ave Maria, 1995, p.21-82.
PAULO VI. "Constituição Apostólica sobre o Oficio Divino", in:Ofício Divino, renovado conforme o decreto do Concílio Vaticano II e promulgado por Paulo VI. Liturgia das Horas, vol. I, Tempo do advento e Tempo do natal, São Paulo, Vozes/Paulinas/Paulus/Ave Maria, 1995. p. 13-20
PEREGRINAÇÃO DE ETÉRIA: Liturgia e catequese em Jerusalém no IV século. Tradução do orginal latino e notas de Maria da glória Novak. Comentários de Alberto Beckhauser. 2ª ed. Petrópolis, 1977, 127 p.
BOROBIO, Dionizio. A Celebração na Igreja: ritmos e tempos da celebração. Tradução João Rezende Costa. São Paulo: Loyola , p. 267-485. Título original: La celebración em la Igresia III.
SOUZA, Marcelo de Barros. Descolonizar a oração da igreja. InRevista de Liturgia, São Paulo, v. 21, n. 124 p. 27-32, jul./ago. 1994.
VELOSO, Reginaldo. Elementos do Oficio Divino das Comunidades. In Revista de Liturgia, São Paulo, v. 15, n. 86 p. 53-55, mar/abr. 1988.
BUYST, Ione. Cristo ressuscitou: meditação litúrgica com um hino pascal. São Paulo: Paulus, 1995. 198 p.
BASTOS, Geraldo Leite. Entrevista. In Revista de Liturgia, São Paulo, v. 13, p. 76, p. 15-17, jul./ago. 1986.
BASTOS, Geraldo Leite. Entrevista. In Revista de Liturgia, São Paulo, v. 15 n. 86 p. 56-58, mar./abr. 1988.
Entrevista com Padre André Louf, monge trapista. Revita Jesus, agosto 2001, n. 8, p. 79-80.