No dia 8 de dezembro deste ano de 2015, o Papa Francisco abriu o Jubileu
extraordinário da Misericórdia. É o 29ª Ano Santo vivido na história da Igreja.
Na data se celebrava o 50º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II.
Antes de abrir a Porta Santa, o Santo Padre presidiu na Praça São Pedro a Santa
Missa da Solenidade Litúrgica da Imaculada Conceição.
Na homilia, Francisco destacou que o gesto “altamente simbólico” da
abertura da Porta Santa da Misericórdia acontece à luz da Palavra de Deus
escutada na liturgia, que evidencia a primazia da graça, que envolveu a Virgem
Maria, tornando-a digna de ser mãe de Cristo. “A plenitude da graça é capaz de
transformar o coração, permitindo-lhe realizar um ato tão grande que muda a
história da humanidade”, reforçou o Pontífice.
Amor
que perdoa
O Papa disse ainda que a festa da Imaculada Conceição exprime a grandeza
do amor divino. “Deus não é apenas Aquele que perdoa o pecado, mas, em Maria,
chega até a evitar a culpa original, que todo o homem traz consigo ao entrar
neste mundo. É o amor de Deus que evita, antecipa e salva”.
O Santo Padre recorda que há sempre a tentação do pecado, que se exprime
no desejo de projetar a própria vida, independentemente da vontade de Deus.
Segundo ele, esta é a “inimizade” que ameaça continuamente a vida dos homens,
contrapondo-os ao desígnio de Deus.
Todavia, afirma o Pontífice, a própria história do pecado só é
compreensível à luz do amor que perdoa. “Se tudo permanecesse ligado ao pecado,
seríamos os mais desesperados entre as criaturas. Mas não! A promessa da
vitória do amor de Cristo encerra tudo na misericórdia do Pai”.
Descobrir
a misericórdia de Deus
Francisco destacou que também este Ano Santo Extraordinário é dom de
graça e entrar pela Porta Santa significa “descobrir a profundidade da
misericórdia do Pai” que a todos acolhe e vai pessoalmente ao encontro de cada
um.
O Papa explicou que, neste ano, os fiéis são convidados a crescer na
convicção da misericórdia, e disse que, quando se afirma, em primeiro lugar,
que os pecados são punidos pelo julgamento de Deus, fazemos uma grande
injustiça à Ele e à sua graça, pois eles são perdoados, primeiramente, por sua
misericórdia.
Nesse sentido, o Santo Padre expressou seu desejo de que atravessar a
Porta Santa permita a todos sentirem-se participantes deste mistério de amor.
“Ponhamos de lado qualquer forma de medo e temor, porque não se coaduna em quem
é amado; vivamos, antes, a alegria do encontro com a graça que tudo transforma”.
50
anos do Concílio Vaticano II
O Pontífice recordou ainda que, há 50 anos, os padres do Concílio
Vaticano II escancaram outra porta ao mundo. E destacou que, a riqueza deste
evento, não está apenas nos documentos elaborados, mas primariamente, no verdadeiro
encontro que ocorreu entre a Igreja e os homens deste tempo.
“Um encontro marcado pela força do Espírito que impelia a sua Igreja a
sair dos baixios que por muitos anos a mantiveram fechada em si mesma, para
retomar com entusiasmo o caminho missionário. Era a retomada de um percurso
para ir ao encontro de cada homem no lugar onde vive”, ressaltou.
Por fim, Francisco enfatizou que também o jubileu exorta a cada um a
esta abertura, ao impulso missionário, a não esquecer o espírito que surgiu no Vaticano
II: o do samaritano.
Abertura
da Porta Santa
Ao final da Missa, o Papa Francisco dirigiu-se à Porta Santa da Basílica
de São Pedro. Após uma breve oração, subiu os degraus em silêncio e com três
toques abriu a Porta Santa, dando início ao Ano da Misericórdia.
O Pontífice foi o primeiro a atravessar a Porta Santa, seguido pelo Papa
emérito Bento XVI e pelos demais concelebrantes, outros sacerdotes, religiosos
e por alguns fiéis.
Francisco dirigiu-se ao Altar da Confissão no interior da Basílica de São
Pedro e concluiu a Santa Missa com uma oração e sua benção apostólica.
O que é o Ano Santo?
O Papa Francisco anunciou o Jubileu do
Ano Santo da Misericórdia por meio da Bula de Proclamação Misericordiae
Vultus (O Rosto da Misericórdia). O Jubileu inicia em 08 de dezembro
de 2015 e se concluirá no dia 20 de novembro de 2016, com a Solenidade de Jesus
Cristo Rei do Universo.
A celebração do Jubileu se origina no
judaísmo. Consistia em uma comemoração de um ano sabático que tinha um
significado especial. A festa se realizava a cada 50 anos. Durante o ano os
escravos eram libertados, restituíam-se as propriedades às pessoas que as
haviam perdido, perdoavam-se as dívidas, as terras deviam permanecer sem
cultivar e se descansava. Era um ano de reconciliação geral. Na Bíblia,
encontramos algumas passagens dessa celebração judaica (cf. Lv 25,8).
O que significa Jubileu?
A palavra Jubileu se inspira no termo
hebreu de yobel, que se refere ao chifre do cordeiro que
servia como instrumento musical. Jubileu, também tem uma raiz latina, iubilum que
representa um grito de alegria. Na tradição católica, o Jubileu consiste em que
durante um ano se concedem indulgências aos fiéis que cumprem certas
disposições estabelecidas pelo Papa. O Jubileu pode ser ordinário ou
extraordinário. A celebração do Ano Santo Ordinário acontece em um intervalo a
cada 25 anos, com o objetivo de que cada geração experimente pelo menos uma em
sua vida. Já o Ano Santo Extraordinário se proclama como celebração de um fato
destacado. O Jubileu proclamado pelo Papa Francisco é um Ano Santo
Extraordinário. É um convite para que, de maneira mais intensa, fixemos o olhar
na Misericórdia do Pai.
Por que abrir uma porta no Ano Santo?
A Porta Santa, na Basílica de São
Pedro, em Roma, só se abre durante um Ano Santo e significa que se abre um
caminho extraordinário para a salvação. Na cerimônia de abertura, o Papa toca a
porta com um martelo 3 vezes enquanto diz: “Abram-me as portas da justiça;
entrando por elas confessarei ao Senhor”. Depois de aberta, entoa-se um canto
de Ação de Graças e o Papa atravessa esta porta com seus colaboradores.
O que fazer nesse ano?
Na Bula Misericordiae Vultus,
o Papa Francisco sugere algumas iniciativas que podem ser vividas em diferentes
etapas:
·
Realizar peregrinações;
·
Praticar as obras de misericórdia;
·
Intensificar a oração;
·
Passar pela Porta Santa em Roma ou na
Diocese;
·
Perdoar a todos;
·
Buscar o Sacramento da Reconciliação;
·
Superar a corrupção;
·
Receber a indulgência;
·
Participar da Eucaristia;
·
Fortalecer o ecumenismo;
·
Converter-se.
·
O que é a indulgência?
Indulgência é a remissão diante de Deus
da pena devida aos pecados, cuja culpa já foi perdoada. Cada vez que alguém se
arrepende e se confessa, é perdoado a culpa dos pecados cometidos, mas não a
pena. Por exemplo, se alguém mata uma pessoa e se arrepende, depois pede perdão
e procura o Sacramento da Penitência, receberá o perdão. Contudo, como repassar
o mal cometido que tirou a vida de alguém? Por isso permanece uma pena após o
perdão. Essa situação pode ter um indulto, uma indulgência, que a Igreja oferece
em certas condições especiais e quando o fiel está bem disposto a buscar a
santidade de vida, aproximando-se cada vez mais de Deus. A Igreja pode oferecer
a indulgência pelos méritos de Cristo, de Maria e dos santos que sempre
participam da obra da salvação. Sobre isso, escreveu o Papa Francisco: “No
sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os pecados, que são verdadeiramente
apagados; mas o cunho negativo que os pecados deixaram nos nossos
comportamentos e pensamentos permanecem. A misericórdia de Deus, porém, é mais
forte também do que isso. Ela torna-se indulgência do Pai que, através da
Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo
das consequências do pecado, habilitando-o a agir com caridade, a crescer no
amor em vez de recair no pecado” (Misericordiae Vultus, 22).
Como receber a indulgência?
Para receber a indulgência todos são
chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada
Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, como sinal do profundo
desejo de verdadeira conversão. É
importante que este momento esteja unido, em primeiro lugar, ao Sacramento da
Reconciliação e à Celebração da Eucaristia com uma reflexão sobre a
Misericórdia. Será necessário acompanhar essas celebrações com a profissão de
fé e com a oração pelo Papa, para o bem da Igreja e do mundo inteiro.
Há indulgências para os falecidos?
A indulgência pode ser obtida também
para os que faleceram. A eles estamos unidos pelo testemunho de fé e caridade
que nos deixaram. Assim como os recordamos na Celebração Eucarística, também
podemos, no grande mistério da Comunhão dos Santos, rezar por eles, para que o
rosto misericordioso do Pai os liberte de qualquer resíduo de culpa e possa
abraça-los na felicidade sem fim.
E os doentes e idosos?
Para eles será de grande ajuda viver a
enfermidade e o sofrimento como experiência de proximidade ao Senhor que no
mistério da sua paixão, morte e ressurreição indica o caminho para dar sentido
à dor e à solidão. Viver com fé e esperança este momento de provocação,
recebendo a comunhão ou participando na Celebração Eucarística e na oração
comunitária, inclusive através dos vários meios de comunicação, será, para
eles, o modo de obter a indulgência jubilar.
As obras de misericórdia
A experiência da misericórdia torna-se
visível pelo testemunho concreto. Todas as vezes que um fiel viver uma ou mais
destas obras pessoalmente, obterá a indulgência jubilar.
Obras corporais
1. Dar
de comer aos famintos;
2. Dar
de beber aos que tem sede;
3. Vestir
os nus;
4. Acolher
o estrangeiro;
5. Visitar
os enfermos;
6. Visitar
os encarcerados;
7. Sepultar
os mortos.
Obras espirituais
1. Aconselhar
os duvidosos;
2. Ensinar
os ignorantes;
3. Admoestar
os pecadores;
4. Consolar
os aflitos;
5. Perdoar
as ofensas;
6. Suportar
com paciência as injustiças;
7. Rezar
a Deus pelos vivos e pelos mortos.
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